A Divina Vontade nos inunda com Seu amor, por dentro e por fora. Como atender a esse amor?
Cada ato da vontade humana é um véu que a alma coloca diante dos olhos e a impede de ver com claridade qual é a Divina Vontade e onde se encontra. Ouça agora.

Podcast: “A Divina Vontade vem ao meu encontro” – Padre Cesar A. Arango, RCJ

 

Volume 28, 1 de abril de 1930

O que significa entrar no ato primeiro do Querer Divino; as gotinhas que a criatura forma em seu mar de luz. Como Deus em todas as coisas criadas coloca tantos atos de amor por quantas vezes deveria servir-se delas a criatura.

Como a vida tem necessidade de alimento

Minha pobre inteligência se sente como atraída a navegar o mar imenso do Fiat Divino, e no seu mar vai em busca de seus atos para amá-los, adorá-los e fazer-lhes companhia, assim que minha pobre mente está sob o influxo de uma força irresistível que a faz ir sempre vagando em busca dos atos do Supremo Querer. Mas enquanto fazia isso pensei: “Que bem faço em girar e volver a girar no mar do Fiat Divino?” E meu doce Jesus me disse:

“Minha filha, por quantas vezes giras no mar do meu Querer Divino, tantos postos tomas Nele, e aí formas tuas gotinhas no nosso mar, as quais se perdem Nele e ficam inseparáveis, e Nós sentimos tuas gotinhas que nos amam e fazem uma só vida Conosco e dizemos: “A recém-nascida do nosso Querer nos ama em nosso mar, não fora dele, é justo que lhe cedamos o direito de fazê-la vir quantas vezes ela queira em nosso mar, muito mais que ela não quer outra coisa do que queremos Nós, e essa é a alegria mais grande que nos traz, como se carregasse em seu pequeno ventre toda nossa Divina Vontade, que transbordando-la por todas as partes permanece eclipsada na sua luz, e Nós gozamos ao ver sua pequenez encerrada em nossa luz”. E se tu sentes a força irresistível de vir e fazer teus giros no mar do nosso Fiat, é a força imperante Dele, que ama tanto o ver tua pequenez formar as gotinhas de luz no seu mar. Eis o que significa entrar no ato primeiro de nosso Querer: a criatura que toma seu posto Nele e aí forma suas gotinhas. Portanto, tem como grande fortuna o teu girar sempre no nosso Fiat”.

Assim, seguia os atos do Fiat Divino na Criação, e me parecia que todos palpitavam de amor de seu Criador pelas criaturas. O céu, as estrelas, o sol, o ar, o vento, o mar e todas as coisas criadas estão em perfeito acordo entre elas, tanto que, se bem são distintas entre elas, vivem como fundidas entre si, tão é verdade, que onde está a luz do sol, no mesmo espaço está o ar, o vento, o mar, a terra, mas cada um tem sua palpitação de amor distinta para com a criatura. Mas enquanto nisso e outras coisas pensava, meu amável Jesus, estreitando-me entre seus braços, me disse:

” Minha filha, nosso Amor na Criação foi exuberante, mas sempre para com o homem, em cada coisa criada colocamos tantos atos de amor por quantas vezes a criatura deveria servir-se delas. Nosso Fiat Divino que mantém o equilíbrio em toda a Criação e é vida perene dela, enquanto vê que a criatura está prestes a servir-se da luz do sol, põe em exercício o nosso Amor para fazê-lo encontrar na luz que a criatura recebe; se bebe água, o nosso Amor se faz encontrar para dizer-lhe enquanto bebe: “te amo”. Se respira o ar, o nosso Amor lhe diz repetidamente: “eu te amo”. Se caminha, a terra lhe diz sob seus passos: “eu te amo”. Não há nada que a criatura tome, toque e veja, que nosso Amor não faça seu feliz encontro com a criatura com o dizer-lhe: “eu te amo” para dar-lhe amor. Mas sabes tu qual é a causa de tanta insistência do nosso Amor? Para receber em cada coisa que toma a criatura o encontro de seu amor. Por isso, o Amor infinito queria encontrar-se com o amor finito, e formar só um, para colocar na criatura o equilíbrio do seu Amor. E como a criatura se serve das coisas criadas sem nem sequer pensar que nosso Amor lhe vai ao encontro nas coisas que toma, para ouvir nosso repetido refrão: “eu te amo, eu te amo”, e se serve delas sem ter um olhar para Aquele que se as manda, o amor da criatura fica desequilibrado, porque não se encontrando com o nosso Amor, perde o equilíbrio e permanece desordenado em todos os seus atos, porque perdeu o equilíbrio divino e a força do amor do seu Criador. Portanto, esteja atenta com tua correspondência de amor para reparar-me tanta frieza das criaturas”.

Depois seguia o meu giro nos atos da Divina Vontade, e pensava entre mim: “Mas para que serve as tantas vezes que giro e volto a girar no Fiat Supremo para seguir seus atos?”. E meu doce Jesus acrescentou:

“Minha filha, todas as vidas têm necessidade de alimento, sem alimento, nem se forma nem cresce uma pessoa, e se isso faltar, há o perigo de que de perder sua vida. Agora, o seguir a minha Vontade, unir-se a seus atos, girar e volver a girar Nela, serve para formar o alimento para alimentar, formar e fazer crescer sua Vida em tua alma. Ela não sabe nutrir-se de outros atos, se não daqueles que são feitos em seu Querer; nem se pode formar na criatura, nem crescer, se não entra em Ela, e com a união de seus atos forma seu parto de luz, para formar a sua Vida de Divina Vontade na criatura. E quanto mais atos de Divina Vontade forma, quanto mais se une com seus atos e vive Nela, tanto mais alimento abundante forma para alimentá-La e fazê-La crescer mais depressa em sua alma. Portanto, o teu girar Nela é vida que forma, é alimento que serve para o desenvolvimento da Vida à minha Divina Vontade na tua alma, e serve para preparar o alimento para alimentar a minha Vontade nas outras criaturas. Então sê atenta e não queiras parar”.Fiat!

 

Vol. 20 – 16 de novembro de 1926

Como todo ato de vontade humana é um véu que impede de conhecer a Vontade Divina. Seu ciúme. Como (a Divina Vontade) assume todos os ofícios para a alma.

Continuo meu habitual estado no abandono do Fiat Supremo, mas ao mesmo tempo chamo Aquele que forma toda a minha felicidade, minha vida, meu tudo. E Jesus movendo-se no meu interior disse-me:

“Minha filha, quanto mais te abandonas em meu Supremo Querer, tanto mais te encaminhas em suas vias, mais conhecimento adquires e mais possessão tomas dos bens que há na Divina Vontade; porque Nela há sempre algo para conhecer e tomar.

Sendo a (Divina Vontade) a primeira herança dada por Deus à criatura e possuindo meu Querer bens eternos, Ela tem a tarefa de dar sempre para quem vive nesta herança, e então Ela se contenta e se coloca atitude de exercer seu oficio quando encontra a criatura dentro dos confins de seu Querer, e colocando-se em festa dá coisas novas à sua herdeira; de modo que a alma que Nela vive é a festa da minha Vontade. Ao contrário, quem vive fora Dela é a sua dor, porque a coloca na incapacidade de poder dar, de exercer o seu ofício e de cumprir a sua tarefa. Muito mais que cada ato da vontade humana é um véu que a alma põe diante de sua vista, que lhe impede de ver com clareza minha Vontade e os bens que há Nela, e como a maior parte das criaturas vive continuamente de sua vontade, são tantos os véus que se formam, e ficam quase cegas para conhecer e ver minha Vontade, a sua herança predileta que deveria fazê-las felizes no tempo e na eternidade.

Oh! se as criaturas pudessem compreender o grande mal da vontade humana e o grande bem da minha, elas odiariam tanto a sua (vontade) que dariam suas vidas para fazer a minha.

A vontade humana torna o homem escravo, o faz ter necessidade de tudo, sente continuamente faltar a força, a luz; sua existência está sempre em perigo e o que consegue é por meio de orações e com dificuldade, de modo que, o homem que vive de sua vontade é o verdadeiro mendigo. Ao contrário quem vive da minha (Vontade), não tem necessidade de nada, tem tudo à sua disposição, minha Vontade lhe dá o domínio sobre si mesmo e por isso é dono da Força, da Luz, mas não da força e luz humana, mas da divina; sua existência está sempre segura e sendo dono, pode tomar o que quiser, nem precisa pedir para ter, tão é verdade que, antes de Adão retirar-se da minha Vontade, a petição não existia, a necessidade faz nascer a prece, se de nada precisava, não tinha nem que pedir, nem que implorar, assim que ele amava, louvava, adorava o seu Criador, a petição não tinha lugar no Éden terrestre. A petição veio, teve vida depois do pecado como uma necessidade extrema do coração humano; quem pede significa que está necessitado e como espera, pede para obter. Ao contrário, quem vive na minha Vontade vive na opulência dos bens de seu Criador como dona, e se necessidade e desejo sente, vendo-se entre tantos bens, é o de querer dar aos demais a sua felicidade e os bens de sua grande fortuna, verdadeira imagem do seu Criador que lhe deu tanto sem nenhuma restrição, gostaria de imitá-Lo dando aos outros o que possui. Oh! como é belo o céu da alma que vive na minha Vontade, é céu sem tempestades, sem nuvens, sem chuva, porque a água que sacia a sede, que fecunda e que lhe dá o crescimento e a semelhança Daquele que a criou é a minha Vontade; é tanto seu ciúme de que a alma não tome nada se não for Dela, que Ela faz todos os serviços: se quer beber, Ela se faz água, que enquanto a refresca, apaga todas as outras sedes, para que a sua única sede seja a sua Vontade; se sente fome, Ela se faz comida, que enquanto sacia, tira o apetite de todos outros alimentos; se quer ser bela, Ela se faz pincel, dando-lhe pinceladas de tal beleza, que a minha própria Vontade fica arrebatada por uma beleza tão rara impressa por Ela mesma na criatura, de modo que pode dizer a todo o Céu: “Vejam-na como é bela, é a flor, é o perfume, é a tinta do meu Querer que a fez tão bela”. Em suma, lhe dá sua Fortaleza, sua Luz, sua Santidade, tudo para poder dizer: é uma obra inteiramente do meu Querer, por isso quero que nada lhe falte, que me assemelhe e possua. Olhe em ti mesma para ver o operar da minha Vontade, como os seus atos, revestidos por sua Luz, mudaram a terra da tua alma, tudo é luz que brilha em ti e se volta para ferir Àquele que a revestiu, por isso, a maior afronta que as criaturas me fazem é o não fazer a minha Vontade”.