“Não se trata simplesmente de recordar os acontecimentos, mas de saber ler o desígnio divino, a ação do Espírito Santo que quis unir dois carismas: o Rogate e o viver na Divina Vontade, através do encontro de duas figuras, Luísa e Santo Aníbal.”

Através das cartas trocadas entre o Padre Aníbal Maria Di Francia e Luísa Piccarreta, compreendemos o grande desejo do Padre Rogacionista de construir uma casa na qual pudesse brilhar o carisma da recém-nascida da Divina Vontade. O dom que Deus, por meio de Luísa, deu à humanidade não deveria ficar oculto, mas ser conhecido, não só através da publicação dos Escritos, dos quais o próprio Padre Aníbal cuidou, mas deveria ter seu próprio centro, uma casa e um exército de almas que poderiam aprender com Luísa. Seria a própria Luísa que deveria instruir as irmãs que iriam morar na casa.

Luísa respondeu ao Padre Aníbal que ela não tinha nada a ensinar, mas a aprender. Ela sabia bem que o único Mestre é Jesus, então, se aquela casa fosse construída, seria somente por Sua Vontade.

O ano era 1920, tempos difíceis por causa da guerra; o Padre Aníbal não tinha lugar nem dinheiro para construir um novo instituto. Ainda assim, repetia para Luísa o seu desejo de construir uma casa, onde um pequeno exército de almas pudesse viver na Divina Vontade e ser instruído no Fiat. E quanto a isso, Luísa só podia concordar: um exército de almas que viveria uma vida de Céu.

Depois de alguns anos, quando foi proposta a possibilidade de construir a casa, Luísa não deixou de “instruir” o Padre Aníbal que a construção deveria ser feita na Vontade Divina. Desde a compra do terreno, ela recomendou que fosse o primeiro ato feito na Divina Vontade; assim como tudo o que fosse vivido naquela casa, deveria ser um ato realizado na Divina Vontade.

Como sabemos, o Padre Aníbal não viu seu projeto realizado. Ele morreu em 1° de junho de 1927: seu colaborador mais próximo, Padre Pantaleone Palma, o fez; inaugurou e abriu a casa da Divina Vontade em 7 de outubro de 1928. Havia seis irmãs do Divino Zelo e nove órfãs. Naquela mesma noite, por volta das 20h, em obediência ao seu confessor Don Benedetto Calvi, Luísa deixou sua casa na Via Ospedale Vecchio. Levada pela nova Madre Geral, Irmã Maria Cristina Figura, Luísa mudou-se com sua irmã Angelina para o novo Instituto, onde permaneceu até 1938, em uma sala ao lado da “capelinha”. A partir daí, ela pôde participar da Santa Missa e de todos os momentos de oração com as Irmãs.

Podemos dizer que depois de muitos séculos Jesus realizou um sonho: ter diante de Si uma prisioneira, assim como Ele é prisioneiro em Sua Vontade, no Santíssimo Sacramento, por amor às criaturas. Jesus realizou também o sonho de Luísa: estar perto, de forma perpétua, do seu Único Amor, do seu Jesus, e contemplar continuamente o Tabernáculo a partir do seu quarto, através de uma janelinha.

Não se trata simplesmente de recordar os acontecimentos, mas de saber ler o desígnio divino, a ação do Espírito Santo que quis unir dois carismas: o Rogate e o viver na Divina Vontade, através do encontro de duas figuras, Luísa e Santo Aníbal, que foram instrumentos nas mãos de Deus, operários do Seu Reino. Os carismas, movidos pelo Espírito Santo, não competem, mas se entrelaçam, se fundem. Esta é uma obra divina, na qual somos todos simplesmente operários.

Os operários do Evangelho, como os chamou Padre Aníbal, são aqueles que trabalham para o bem dos irmãos, para a realização do Reino Divino.

Cada um de nós nesta terra é um operário do Reino da Divina Vontade.

FIAT!

Riccardina Latti

Texto original em italiano: https://www.luisapiccarretaofficial.org/news/7-ottobre-1928-inaugurazione-della-casa-della-divina-volonta/620