“A vida consiste em estar com Cristo, onde está Cristo, aí está a vida, aí está o Reino.” (Santo Ambrósio)
A vida nos vem por Cristo. Se estamos longe d´Ele, logo, não temos vida, não em plenitude, não como o próprio Cristo quer que a tenhamos. E o que é a vida em plenitude?
Totalidade, inteireza, perfeição. “Deus infinitamente Perfeito e Bem-aventurado em si mesmo, em um desígnio de pura bondade, criou livremente o homem para fazê-lo participar de sua vida bem-aventurada” (CIC 1). Penso que olhar para a vida dos santos seja a melhor forma de compreendermos o que são a plenitude e a bem-aventurança.
Vejamos São Francisco de Assis, a respeito dele foi dito: “Por amar intensamente a vida, não teve medo da morte. Para ele, cada segundo da vida continha toda a vida em sua plenitude”. Cristo era a vida deste santo. Não desejava outra coisa senão amá-Lo e configurar-se a Ele. Com isso, amou-O, e por Ele, doou-se. Era vivaz, e o seu amor a Cristo, traduzia-se no amor às pessoas e às coisas criadas por Deus. Homem obediente e livre, manteve o mesmo e crescente amor, até o fim de sua vida. Quando compôs o conhecido Cântico das Criaturas, estava doente e quase cego, ainda assim, cantou as maravilhas criadas por Deus. Esteve sempre pronto a encontrar Aquele a quem sempre amou. Tal como São Paulo: “Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho.” (Fil 1, 20-21). Nós, “viventes” dos dias atuais, não só não aceitamos a morte, como estamos com medo da vida, paralisados diante dos nossos infindáveis temores.
Paulo e Francisco tinham a graça, a amizade, a unidade com Cristo, amigo, pastor, Salvador. Nada podia separar-lhes desse amor. Mais do que sentimento, era a certeza da fé. Experimentavam em si a potência, a fortaleza do Evangelho, a Palavra do Cristo, que os levava adiante, e eram animados pelo Espírito Consolador.
Ora, Cristo é o mesmo e “desde sempre e em todo lugar, está perto do homem. Chama-o e ajuda-o a procurá-Lo, a conhecê-Lo e a amá-Lo com todas as suas forças… chama os homens a se tornarem, no Espírito Santo, os herdeiros de sua vida bem-aventurada” (c.f CIC I). Eis a plenitude!
A Mãe de Jesus viveu uma vida em plenitude, em inteireza. Não pela metade. Jesus nos amou até o fim e Maria esvaziou-se e, em seu “sim”, plenificou-se de Cristo. Peçamos essa graça, de viver inteiramente, por Cristo, com Cristo e para Cristo. Com Ele, tudo adquire seu real sentido. Em tudo, nas nossas relações e preocupações, familiares, da labuta diária, vivamos intensamente o nosso “sim”, auxiliados pelo Espírito Santo, de tal forma que não tenhamos medo, nem da vida, nem da morte, para que possamos também dizer como São Francisco:
“Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã nossa, a morte corporal, da qual nenhum homem vivente pode escapar… bem-aventurados os que ela encontrar na tua santíssima vontade.”
A morte, então, será a continuidade de uma viva plena, e “na glória do céu, continuaremos a cumprir com alegria a vontade de Deus” (CIC 1029).
Eliane Donaire
Departamento da Divina Vontade | Associação do Senhor Jesus