As celebrações de fim de ano enchem-nos de alegria e esperança. Celebrar o nascimento, para nós, é sempre mais fácil do que refletirmos e celebrarmos a morte. É por esse motivo que olhar a manjedoura no Natal, com a presença do Menino Jesus, é algo que fazemos sem restrições.
Permitam-me partilhar: no último Natal, do local onde eu estava sentada para participar da Missa, podia ver a mãozinha da imagem do bebê Jesus que estava sobre a manjedoura, mas pude ver também, ao mesmo tempo, a mão perfurada de Jesus, na cruz acima do altar. Ali estava todo o mistério de Amor do Homem-Deus pela humanidade!
Na manjedoura contemplamos, também, a encarnação do pequeno Jesus no ventre de sua santíssima Mãe: “o Pai, enviando o Filho sobre a terra; o Filho, obedecendo prontamente à Vontade do Pai; e o Espírito Santo, consentindo” (Luísa Piccarreta); e o nascimento do Salvador que vem ao mundo e com seus pequeninos braços estendidos chama-nos a contemplar Deus, descido do Céu. Na Cruz, desejada e abraçada por Jesus, contemplamos o próprio Deus, que se dá, se entrega: “Verbo feito carne quis humanamente, em obediência ao Pai, tudo quanto decidiu divinamente com o Pai e o Espírito Santo para a nossa salvação” (CIC 475).
No altar, o mesmo Deus também se entrega, “dentro da matéria extremamente vil de um pouco de pão e vinho” (Luísa Piccarreta), Corpo e Sangue deixados por Ele para continuarmos esta infinita celebração de vida, morte e ressurreição, até que Ele volte.
Como olhar para a manjedoura sem ver o Crucificado? Como olhar para a cruz sem ver o Menino? Como olhar para o altar e não ver o Ressuscitado, e n´Ele sua Vida e Paixão?
É chegado o tempo para refletirmos esse esplendoroso mistério de Amor. A quaresma, sobretudo, nos permite refletir sobre ele. Mas, mais do que reflexão e razão, é chegado o tempo para o nosso livre “sim”. Não se faz urgente a hora para a nossa correspondência? A entrega, a oferta de nós mesmos a Ele?
Na quaresma, está também o Natal. A alegria do nascimento unido ao livre sofrimento da cruz: as agonias de Jesus que sustentam as nossas, as suas tristezas e a sua morte que se transformam em manancial de docilidade e de vida para nós. E não esperemos a Páscoa como único momento para comemorarmos a ressurreição: no altar, diariamente, na santa missa, acontece a celebração desse mistério da vida, paixão, morte e ressurreição de Jesus, desse único plano no qual estão contidos a nossa criação, salvação e santificação.
Peçamos: Ó Bom Jesus, dá-nos, vós mesmo, a graça de vos amar, ao contemplar a manjedoura, a cruz e o altar.
Eliane Donaire
Departamento da Divina Vontade | Associação do Senhor Jesus