Durante todos estes anos escrevendo sobre a Divina Vontade falei justamente em conhecê-La e amá-La, porque o Céu está onde a Divina Vontade se cumpre e o “Fiat”, o “sim” de Maria, é exemplo disso. Pois bem.

Em 1º de junho, pude experimentar a Misericórdia de uma forma que nem eu pensei ser possível, quando recebi a notícia da morte da minha filha de 15 anos, que havia sido levada ao hospital, a princípio, para tomar soro. Com sintomas leves de gripe e nenhuma infecção aparente, a minha filhinha morreu pouco tempo após ter dado entrada no hospital; às 3h15 da manhã ela voltava, então, ao seu Criador.

Enquanto tentavam reanimá-la, eu estava de joelhos no chão do corredor rezando, pedindo a Deus com todas as minhas forças que Ele pronunciasse “Talita Cumi”, “menina, levanta”. Do mais íntimo, rezei, e rezei, até que a oração foi: “Senhor, se tu quiseres, afasta de mim este cálice, mas não se cumpra a minha, mas a Tua Vontade”.

Me levantei e, a partir de então, uma força me mantinha em pé, força que me fez acolher a médica quando após uma hora e quinze tentando reanimar a minha filha, ela saiu do quarto chorando: “Mãe, fizemos tudo o que podíamos”. No meu abraço a ela, o perdão; nem tudo está na competência dela. Lembrei que a primeira palavra de Jesus na cruz foi “perdão”.

A partir dali, segui um caminho no qual Jesus me permitia ser o consolo para os demais que receberiam aquela triste notícia: pai, irmãos, avós, padrinhos, amigos. Em toda trajetória sequente a Providência nos cercou. Após o velório, com missa, e o sepultamento, os testemunhos sobre o “clima de Céu” se multiplicavam, diziam: “Jesus e Maria estavam ali”. Era um número incontável de pessoas que estavam presentes. Me lembrei das vezes que rezei “As Horas da Paixão” no cemitério, naqueles túmulos esquecidos, que sequer tinham nome, e pedia por todos, pela salvação de suas almas.

Em tudo que se seguiu, eu sentia um espírito de paz que vinha do Consolador. Minha filha morreu no dia de Santo Aníbal Maria Di Francia, que tanto amava as crianças e jovens, e foi o Primeiro Apóstolo da Divina Vontade. Coincidência? Não há fatos nesta terra que não estejam sob a Vontade Santa de Deus e esta Vontade precisa ser amada. O que experimentamos em nossa vida é algo sobrenatural. Em paz, seguimos um apostolado; testemunharemos o que Deus tem feito, a partir do que aos “olhos humanos” seria uma tragédia. A nossa cruz a ser carregada agora é a saudade infinita. Esta cruz, com “loucura” abraçada, a uniremos aos sofrimentos de Jesus e Maria em um ato reparador. A minha filha não sentirá saudade de coisa alguma daqui. As coisas da terra passaram. Ela está diante daquele que tudo É; nada falta. Na comunhão dos santos, ela intercede por nós, por todos nós. Fiat!

“E agora, desolada Mãe, vem retribuir-me a companhia que tantas vezes te fiz durante a vida… E ao expirar, recebe-me em teus braços, abriga-me debaixo de teu manto, esconde-me do olhar do inimigo, leva-me depressa para o Céu e deposita-me nos braços de Jesus” (24ª Hora da Paixão). Deus é Bom e fiel!

Eliane Donaire
Departamento da Divina Vontade | Associação do Senhor Jesus

Artigo publicado na revista  Brasil Cristão (Ano 27, Nº 312, julho 2023).

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