Diferença entre fazer a Divina Vontade e viver na Divina Vontade (dos escritos de Luísa Piccarreta)
“Para entender o que significa viver na Divina Vontade,
seria preciso se dispor ao maior dos sacrifícios: o de não dar vida, mesmo em coisas sagradas, à própria vontade”.
(Luísa Piccarreta) “Eu estava preocupada comz o que foi escrito sobre viver na Volição Divina, e estava orando, pedindo a Jesus para me dar mais luz, a fim de me explicar melhor, para que eu possa esclarecer mais sobre esse abençoado viver na Divina Vontade àqueles a quem sou obrigada a fazê-lo.
E meu doce Jesus me disse:
‘Minha filha, eles não querem entender. Viver na Minha vontade é reinar; fazer Minha vontade é ser submetido às Minhas ordens. O primeiro estado é possuir; o segundo é receber Minhas ordens e executá-las.
Viver na Minha vontade é fazer de Minha vontade sua própria vontade, como uma coisa própria, é dispor d’Ela; fazer a Minha vontade é mantê-la como Vontade de Deus, não como algo seu, nem poder dispor d’Ela como quiser.
Viver na Minha vontade é viver com uma única vontade – a de Deus; e uma vez que é uma vontade toda santa, toda pura, toda paz, e é uma única vontade que reina, não há contrastes – tudo é paz. As paixões humanas tremem diante dessa Vontade Suprema e querem evitá-La; não ousam sequer se mover, ou se opor a Ela, vendo que o céu e a terra tremem diante desta Santa Vontade.
Então, o primeiro passo de viver na Divina Vontade…o que isso faz? Estabelece a ordem divina nas profundezas da alma, esvaziando-a do que é humano – de tendências, de paixões, de inclinações e afins.
Por outro lado, fazer Minha vontade é viver com duas vontades e, quando dou ordens para fazer a Minha, sente-se o peso da própria vontade, o que causa contrastes. E, mesmo se alguém segue as ordens da Minha vontade com fidelidade, sente o peso da natureza rebelde, das paixões e inclinações.
Quantos santos, embora possam ter atingido a mais alta perfeição, sentem sua própria vontade travando guerra contra eles, mantendo-os oprimidos; e muitos são forçados a gritar: ‘Quem me libertará deste corpo da morte?’ – isto é, desta minha vontade, que quer dar a morte ao bem que quero fazer?
Viver na Minha vontade é viver como filho; fazer Minha vontade é viver como servo. No primeiro estado, o que pertence ao pai pertence ao filho, e, muitas vezes, os servos fazem mais sacrifícios do que os filhos; eles têm que se expor a serviços mais trabalhosos e humildes, ao frio, ao calor, a viagens a pé.
De fato, o quanto meus santos não fizeram para executar as ordens da Minha vontade? Por outro lado, um filho permanece com o pai, cuida dele, o anima com seus beijos e com suas carícias; ele comanda os servos como se seu pai estivesse comandando; se sai, não anda a pé, mas viaja de carruagem. E enquanto o filho possui tudo o que pertence a seu pai, os servos recebem apenas a retribuição pelo trabalho que fizeram, permanecendo livres para servir ou não para servir ao seu mestre; e se não servirem, não terão mais direito a receber nenhuma compensação adicional.
Por outro lado, entre pai e filho, ninguém pode remover esses direitos: que o filho possua os bens do pai; nenhuma lei, seja celeste ou terrestre, pode remover esses direitos, nem desvincular a filiação entre pai e filho.
Minha filha, o viver em Minha vontade é o que está mais próximo dos bem-aventurados do céu; e é tão distante de quem faz a Minha vontade e é fielmente submetido às minhas ordens, assim como o céu está distante da terra, assim como a distância entre um filho e um servo, e entre um rei e um súdito.
E, além disso, este é um presente que quero dar nestes tempos, tão tristes – para que eles não apenas façam Minha vontade, mas a possuam. Acaso não sou Eu livre para dar o que quiser, quando e a quem quiser? Um mestre não é livre para dizer a seu servo: ‘Vive em minha casa, come, toma, comanda como um outro eu’? E para que ninguém possa impedi-lo de possuir seus bens, ele legitima esse servo como seu próprio filho e lhe dá o direito de possuir. Se um homem rico pode fazer isso, muito mais Eu posso fazer.
Esse viver em Minha vontade é o maior presente que quero dar às criaturas. Minha bondade quer mostrar cada vez mais amor pelas criaturas; e desde que lhes dei tudo, e não tenho mais nada a dar para Me fazer amado, quero dar-lhes o presente da Minha vontade, para que, ao possuí-La, possam amar o grande bem que possuem.
E não se surpreenda se você perceber que eles não entendem. Para entender, eles teriam que se dispor ao maior dos sacrifícios: o de não dar vida, mesmo nas coisas sagradas, à sua própria vontade. Então eles se sentiriam possuidores de Mim e tocariam com suas próprias mãos o que significa viver em Minha vontade.
Você, no entanto, esteja atenta e não se incomode com as dificuldades que eles causam; e Eu, pouco a pouco, Me abrirei caminho para fazê-los entender o viver em Minha vontade.’”
(Volume 17 – 18 de setembro de 1924)