7ª Hora – Das 11 à meia-noite
A Terceira Hora de Agonia no Horto do Getsêmani

Meu amável Jesus, o meu coração já não aguenta; olho para Ti e vejo que continuas a agonizar. O sangue escorre de Ti em excesso, no Corpo inteiro e com tanta abundância que, não suportando mais estar em pé, cais numa poça. Ó meu Amor, o meu coração se despedaça ao ver-Te tão frágil e cansado!

O Teu adorável rosto e as Tuas mãos criadoras apoiam-se no chão e mancham-se de sangue; parece-me que, aos mares de iniquidade que as criaturas Te mandam, Tu queres fazer corresponder rios de sangue, para fazer com que estas culpas sejam afogadas e, assim, dar a cada um o rescrito do Teu perdão. Mas, por favor, ó meu Jesus, ergue-Te! É demasiado o que padeces; já é suficiente o Teu amor!

E, enquanto parece que o meu amável Jesus morre no Seu próprio sangue, o amor dá-Lhe nova vida. Vejo-O movimentar-se com dificuldade; levanta-Se e, impregnado de sangue e lama, parece que deseja caminhar; sem forças, arrasta-Se arduamente. Minha doce Vida, deixa que Te carregue em meus braços. Porventura, vais Te encontrar com os Teus queridos discípulos? Mas quanta dor invade o Teu adorável Coração, quando os encontra de novo adormecidos!

E Tu, com voz fraca e trêmula, chama-os: “Meus filhos, não durmais! A hora está próxima. Não vedes que estou arrasado? Por favor, ajudai-Me, não Me abandoneis nestas horas extremas!”

E, quase vacilante, estás prestes a cair perto deles; entretanto, João estende os braços para apoiar-Te. És tão irreconhecível que, se não fosse pela suavidade e doçura da Tua voz, não Te teriam reconhecido. Depois, recomendando-lhes a vigília e a oração, retornas ao Horto, mas com uma segunda ferida no Coração. Meu Bem, nesta chaga vejo todas as culpas das almas que, não obstante as manifestações de Teus favores em dádivas, beijos e carícias, nas noites da provação, esquecendo-se do Teu amor e dos Teus dons, ficam como entorpecidas e sonolentas, perdendo assim, o espírito de oração contínua e de vigília.

Porém, meu doce Jesus, é verdade que, depois de tê-Lo visto e saboreado os Teus dons, é preciso muita força para permanecer sem eles e resistir; só um milagre pode fazer com que tais almas resistam à prova.

Por isso, enquanto tenho piedade de Ti por estas almas, cujas negligências, leviandades e ofensas são as mais amargas ao Teu Coração, peço-Te que, se elas chegarem a dar um só passo que possa Te desagradar, ainda que minimamente, as rodeie com tanta Graça, a ponto de aprisioná-las, para que não percam o espírito de oração contínua!

Meu amável Jesus, enquanto retornas ao Horto, parece que já não aguentas, elevas ao Céu o rosto repleto de sangue e de terra, e repetes pela terceira vez: “Pai, se é possível, afasta de Mim este cálice. Pai Santo, ajuda-Me! Tenho necessidade de alívio! É verdade que devido às culpas que assumi sobre Mim, Me tornei repugnante, desagradável, o último dentre os homens perante a Tua Majestade infinita; a Tua Justiça está indignada Comigo; mas olha para mim, ó Pai, ainda sou Teu Filho, que formo uma só coisa Contigo. Ó Pai, tem piedade de Mim, ajuda-Me! Não Me deixes sem conforto!”

Além disso, parece que ouço, ó meu doce Bem, que pedes socorro à querida Mãe: “Doce Mãe, abraça-Me como Me abraçavas quando Eu era criança! Dá-Me aquele leite com que Me amamentavas, para Me restabelecer e aliviar as amarguras da Minha agonia. Dá-Me o Teu Coração, que era toda a Minha felicidade. Minha Mãe, Madalena, estimados apóstolos, todos vós que Me amais, socorrei-Me e confortai-Me! Não Me deixeis sozinho nestes momentos extremos; todos vós, fazei uma coroa ao Meu redor; concedei-Me como conforto a vossa companhia e o vosso amor!”

Jesus, meu Amor, quem pode resistir ao ver-Te nestes extremos? Qual coração será tão insensível assim, que não se dilacere ao ver-Te tão afogado em sangue? Quem não derramará torrentes de lágrimas amargas ao escutar Tuas palavras dolorosas, que pedem auxílio e conforto?

Meu Jesus, consola-Te! Vejo que o Pai Te envia um Anjo para confortar-Te e assistir-Te, para que saias deste estado de agonia e possas entregar-Te às mãos dos judeus; e, enquanto estiveres com o Anjo, eu girarei pelo Céu e pela Terra.

Tu me permitirás tomar este sangue que Tu derramaste, a fim de que possa dá-lo a todos os homens como penhor de salvação de cada um e levar-Te como conforto, e retribuir com os seus afetos, palpitações, pensamentos, passos e obras.

Minha Mãe celeste, venho a ti para irmos juntos a todas as almas, dando-lhes o sangue de Jesus. Querida Mãe, Jesus quer ser confortado, e o maior alívio que Lhe podemos dar é levar-Lhe almas. Madalena, acompanha-nos! Todos vós, Anjos, vinde ver como Jesus está arrasado! Ele deseja receber o conforto de todos; e tanto é o abatimento em que se encontra, que não rejeita ninguém.

Meu Jesus, enquanto bebes o cálice cheio de intensas amarguras que o Pai celeste Te enviou, ouço que ainda suspiras, gemes, deliras e, com voz sufocada, dizes: “Almas, almas, vinde, aliviai-Me! Entrai em Minha Humanidade; Eu vos quero, suspiro por vós! Por favor, não sejais surdas à Minha voz, não torneis vãs as Minhas ardentes aspirações, o Meu sangue, o Meu amor, as Minhas dores! Vinde, almas, vinde!”

Jesus delirante, cada um dos Teus gemidos e suspiros é uma ferida para o meu coração, que não me dá paz; por isso, faço meu o Teu sangue, a Tua Vontade, o Teu zelo ardente, o Teu amor e, girando no Céu e na Terra, quero ir a todas as almas, para dar-lhes o Teu sangue como penhor de salvação e levá-las a Ti, para apaziguar as Tuas inquietações, os Teus delírios e abrandar as tristezas da Tua agonia. E enquanto fizer isto, acompanha-me com o Teu olhar.

Minha Mãe, venho a ti porque Jesus quer almas, deseja consolo. Portanto, dá-me a tua mão materna e juntos giremos pelo mundo inteiro, em busca de almas. Encerremos no sangue de Jesus os afetos, as aspirações, os pensamentos, as obras e os passos de todas as criaturas, e lancemos em suas almas as chamas do Seu Coração a fim de que se rendam e, assim, fechadas no Seu sangue e transformadas pelas Suas chamas, as conduziremos para junto de Jesus, para aliviar as dores da Sua amarga agonia.

Meu Anjo da Guarda, preceda-me; dispõe as almas que devem receber este sangue, a fim de que nenhuma gota permaneça sem o seu copioso efeito. Minha Mãe, depressa, giremos! Vejo o olhar de Jesus que nos acompanha; ouço os Seus constantes soluços, que nos impelem a cumprir depressa a nossa tarefa.

Ó Mãe, depois dos primeiros passos já nos encontramos à porta das casas onde repousam os enfermos. Quantos membros dilacerados; quantos, sob a atrocidade dos espasmos, irrompem em blasfêmias e procuram privar-se da própria vida. Outros, são abandonados por todos e não têm quem lhes ofereça uma palavra de conforto e os cuidados essenciais e, por isso, maldizem e se desesperam ainda mais. Ah, ó Mãe, ouço os soluços de Jesus que vê retribuídas, com ofensas, as Suas mais queridas predileções de amor que fazem padecer as almas, para torná-las semelhantes a Si. Por favor, ofereçamos-lhes o Seu sangue, a fim de que lhes dê as ajudas necessárias e, com a Sua luz, faça compreender o bem que se encontra no sofrimento e a semelhança que adquirem de Jesus. E tu, minha Mãe, põe-te perto deles e, como Mãe afetuosa, toca com as tuas mãos maternas os seus membros doentes, toma-os nos teus braços, alivia as suas dores e, do teu Coração, derrama torrentes de graças sobre todos os seus sofrimentos: faz companhia aos abandonados, consola os aflitos; a quem não dispõe dos meios necessários, dispõe almas generosas para socorrê-los; a quem se encontra sob a atrocidade dos espasmos, suplica trégua e repouso para que, aliviados, possam suportar com mais paciência quanto Jesus lhes dispuser.
Giremos ainda e entremos nos quartos dos agonizantes. Minha Mãe, que terror! Quantas almas estão para cair no Inferno! Quantos, depois de uma vida de pecado, querem provocar a derradeira dor Àquele Coração tantas vezes ferido, coroando o último suspiro num ato de desespero.

Muitos demônios estão ao redor das almas, lançando em seus corações o terror e o assombro dos juízos divinos. Assim, dão o último assalto a fim de conduzi-las ao Inferno; gostariam de desprender chamas infernais para nelas envolver as almas e, desta maneira, não darem lugar à esperança. Outros, presos às coisas da terra, não conseguem resignar-se e dar o último passo. Ó Mãe, estes são os últimos momentos e eles têm muita necessidade de ajuda. Não vês como tremem, como se debatem entre os espasmos da agonia, como pedem socorro e piedade? Para eles, a terra já desapareceu! Santa Mãe, põe a tua mão materna em sua fronte gélida, acolhe seus últimos anseios; concedamos o sangue de Cristo a cada um dos agonizantes e, assim, afugentando os demônios, dispõe todos eles à recepção dos últimos Sacramentos e à uma morte santa. Para seu conforto, demos a eles as agonias de Jesus, os seus beijos, as suas lágrimas, as suas chagas; desatemos os laços que os conservam ligados, façamos com que todos ouçam a palavra do perdão e lancemos esta confiança no coração, a ponto de fazer com que se lancem nos braços de Jesus. Quando Jesus os julgar, irá encontrá-los cobertos com o Seu sangue, abandonados em Seus braços e a todos dará o Seu perdão.

Andemos ainda, ó Mãe; o teu olhar materno olhe com amor a Terra e mova a compaixão de tantas pobres criaturas que têm necessidade deste sangue. Minha Mãe, pelo olhar indagador de Jesus, sinto-me impelido a correr, porque Ele quer almas; ouço os Seus gemidos no fundo do meu coração, que me repetem: “Meu filho, ajuda-Me, dá-Me as almas!”

Mas vê, ó Mãe, como a Terra está repleta de almas que estão prestes a cair no pecado, e Jesus desata em lágrimas ao ver o Seu sangue padecer novas profanações. Seria necessário um milagre para impedir a sua queda; por isso, ofereçamos a elas o sangue de Jesus, para que encontrem nele a força e a graça para não caírem no pecado.

Mais um passo, ó Mãe, e eis algumas almas que já caíram na culpa e desejariam uma mão para erguê-las. Jesus as ama, mas olha para elas com terror porque estão maculadas, e a Sua agonia torna-se mais intensa. Ofereçamos a elas o sangue de Jesus, para que encontrem nele a mão que os levante. Vê, ó Mãe, são almas que têm necessidade deste sangue, almas mortas para a graça. Oh, como é deplorável o seu estado! O Céu olha para elas e chora de dor; a Terra as observa com desprezo; todos os elementos estão contra elas e gostariam de destruí-las, pois são inimigas do Criador. Ó Mãe, o sangue de Jesus contém Vida; ofereçamos também a elas, a fim de que, ao seu toque, estas almas ressurjam mais belas a ponto de fazer sorrir todo o Céu e toda a Terra.

Giremos um pouco mais, ó Mãe; vê que há almas que têm a marca da perdição, almas que pecam e fogem de Jesus, que O ofendem e se desesperam de Seu perdão; são os novos Judas espalhados pela Terra e que dilaceram aquele Coração tão amargurado. Ofereçamos a eles o sangue de Jesus, para que este sangue cancele a marca da perdição e imprima neles a marca da salvação, lançando em seu coração tanta confiança e amor após a culpa, a ponto de fazê-los correr aos pés de Jesus, para se unirem àqueles pés divinos, e jamais se separarem deles.

Vê, ó Mãe, existem almas que correm loucamente rumo à perdição e não há quem detenha o seu curso. Por favor, coloquemos este sangue diante dos seus pés, a fim de que, ao seu toque e à sua luz, ou ao ouvir as suas vozes de súplica que as quer salvas, possam recuar e pôr-se a caminho da salvação!
Continuemos a dar voltas, ó Mãe: vê, existem almas boas, almas inocentes nas quais Jesus encontra a Sua complacência e o repouso da Criação. Mas as criaturas perambulam ao Seu redor com muitas insídias e escândalos, para arrebatar esta inocência e transformar a complacência e o descanso de Jesus em pranto e amargura, como se não tivessem outra finalidade, a não ser a de provocar contínuas dores ao Coração Divino. Então, selemos e circundemos a sua inocência com o sangue de Jesus como um muro de defesa, a fim de que a culpa não entre nelas; com este sangue, afugenta quem deseja contaminá-las e conserve-as imaculadas e puras, para que Jesus encontre nas criaturas o Seu descanso e toda sua complacência e, por amor a elas, tenha piedade de muitas outras pobres criaturas. Minha Mãe, insiramos estas almas no sangue de Jesus; vinculemos e voltemos a atá-las à Santa Vontade de Deus, carregando-as em Seus braços e, com as amáveis cadeias do Seu amor, liguemos as almas ao Seu Coração para aliviar as amarguras da Sua agonia mortal.

Mas ouve, ó Mãe, este sangue grita e quer ainda mais almas. Corramos juntos e vamos às regiões dos heréticos e infiéis. Quanta dor Jesus sente nestas regiões! Ele, que é a Vida de todos, não recebe como retribuição nem sequer um pequeno ato de amor e não é conhecido pelas Suas próprias criaturas. Por favor, ó Mãe, demos a elas este sangue a fim de que afaste as trevas da ignorância e da heresia; faz com que compreendam que têm uma alma e abre-lhes o Céu. Depois, insiramos todas elas no sangue de Jesus, conduzindo-as a Ele como filhos órfãos e exilados que encontram seu Pai; assim, Jesus se sentirá confortado em Sua amarga agonia.

Mas parece que Jesus ainda não está satisfeito, pois deseja ainda mais almas. Ele sente que as almas agonizantes destas regiões são arrancadas de Seus braços para irem cair no Inferno. Estas almas já estão prestes a expirar e precipitarem-se no abismo; não há ninguém perto delas para salvá-las; falta tempo, estes são seus últimos momentos e elas irão se perder, certamente! Não, Mãe, este sangue não será derramado inutilmente por elas, portanto, giremos depressa até elas, derramemos o sangue de Jesus sobre a sua cabeça para que lhes sirva de batismo e lhes infunda a Fé, a Esperança e o Amor.

Ó Mãe, coloca-Te perto delas, supre tudo o que lhes faltar; aliás, mostra-te; no teu rosto resplandece a beleza de Jesus; todos os teus modos são semelhantes aos Seus e assim, vendo-te, com certeza, poderão conhecer a Jesus. Depois, estreitas ao teu Coração materno, infundes nelas a vida de Jesus que tu possuis e diz-lhes que, como sua Mãe, queres que sejam felizes para sempre contigo no Céu e, assim, ao expirarem, recebe-as em teus braços e faz com que dos teus braços passem para os de Jesus. E, se Jesus, segundo os direitos de Justiça, demonstrar que não as quer receber, recorda-Lhe o amor com que Ele quis confiá-las a ti aos pés da cruz e reclama os teus direitos de Mãe, de tal forma que, ao teu amor e às tuas orações, Ele não saberá resistir e, ao contentar o teu Coração, satisfará também os Seus ardentes desejos.

E agora, ó Mãe, tomemos este sangue e o ofereçamos a todos: aos aflitos, para que sejam confortados; aos pobres, para que sofram resignados à sua pobreza; aos tentados, para que obtenham a vitória; aos incrédulos, para que neles triunfem as virtudes da Fé; aos blasfemadores, para que transformem as blasfêmias em bênçãos; aos sacerdotes, a fim de que compreendam sua missão e sejam dignos ministros de Jesus. Toca seus lábios com este sangue, para que não pronunciem palavras que não sejam de glória a Deus; toca seus pés, a fim de que possam ir em busca de almas a serem conduzidas a Jesus. Demos este sangue aos governantes dos povos, para que se unam e sintam mansidão e amor para com os seus cidadãos.

Agora, giremos ao Purgatório e o concedamos também às almas purgantes, porque elas muito choram e reclamam este sangue para a sua libertação. Não ouves, ó Mãe, os seus gemidos? Não sentes os seus desejos de amor, seus tormentos, como continuamente se sentem atraídas ao Sumo Bem? Vê como o próprio Jesus quer purificá-las mais depressa para tê-las Consigo. Jesus as atrai com o Seu amor e elas retribuem com incessantes impulsos rumo a Ele; mas quando se encontram em Sua presença, não podendo ainda suportar a pureza do olhar divino, são obrigadas a recuar e a cair novamente nas chamas!

Minha Mãe, desçamos a este profundo cárcere e, derramando sobre elas este sangue, levemos a luz para elas, acalmemos seus desejos de amor, apaguemos o fogo que as queima, purifiquemos suas manchas de tal forma que, livres de todas as penas, elas corram para os braços do Sumo Bem.

Ofereçamos este sangue às almas mais abandonadas, para que encontrem nele todos os sufrágios que as criaturas lhes negam; a todas, ó Mãe, demos este sangue, sem privar nenhuma delas, para que todas encontrem alívio e libertação por meio dele. Sê a Rainha nestas regiões de pranto e lamentações; estende as tuas mãos maternas e, uma a uma, coloca-as fora destas chamas ardentes e faz com que todas levantem voo rumo ao Céu.

E agora, também nós, voemos rumo ao Céu e coloquemo-nos diante das portas eternas. Permite, ó Mãe, que Jesus dê a ti também este sangue, para tua maior glória. Que este sangue te inunde de nova luz e novas alegrias; faz com que esta luz desça sobre todas as criaturas, para dar graças de salvação a todas elas.

Minha Mãe, dá também a mim este sangue; tu sabes quanta necessidade tenho dele. Com tuas mãos maternas, cobre-me todo com este sangue e purifica as minhas manchas, cura as minhas feridas e enriquece a minha pobreza. Faz com que este sangue circule em minhas veias e me dê, de novo, toda a Vida de Jesus. Desce ao meu coração e transforma-o no próprio Coração de Jesus. Resplandece-me de tal forma que Jesus possa encontrar todas as suas alegrias em mim.

Enfim, ó Mãe, entremos nas regiões celestes e cedamos este sangue a todos os Santos, a todos os Anjos, para que possam receber a maior glória, irromper em agradecimentos a Jesus e interceder por nós, para que, em virtude deste sangue, os possamos alcançar.

E depois de ter dado a todos este sangue, vamos de novo a Jesus. Anjos e Santos, vinde conosco. Ah! Ele suspira pelas almas e quer fazer com que todas voltem a entrar em Sua Humanidade para dar a elas os frutos de Seu sangue. Coloquemos todas ao Seu redor e Ele sentirá que a vida Lhe retorna e que a amarga agonia padecida Lhe é recompensada.

E agora, santa Mãe, chamemos todos os elementos a fazer-Lhe companhia, a fim de que também eles prestem honra a Jesus. Ó luz do sol, vem dissipar as trevas desta noite para dar conforto a Jesus. Ó estrelas, com vossos raios cintilantes, descei do Céu, vinde dar alívio a Jesus. Flores da terra, vinde com vossos perfumes; pássaros, vinde com vossos gorjeios; todos os elementos da terra, vinde confortar Jesus. Vem, ó mar, refrescar e lavar Jesus. Ele é o nosso Criador, nossa vida, nosso tudo; vinde todos confortá-Lo, prestar homenagem ao nosso soberano Senhor. Ah, mas Jesus não está à procura de luz, estrelas, flores e pássaros; Ele quer almas, almas!

Ó meu doce Bem, estão todos aqui. A Tua querida Mãe está junto de Ti; descansa em seus braços. Assim, também ela receberá conforto, estreitando-Te ao peito, porque participou em grande parte da Tua dolorosa agonia. Estão aqui também, Madalena, Maria e todas as almas amantes de todos os séculos. Ó Jesus, aceita-as e diz a todas uma palavra de perdão e de amor; une todas no Teu amor para que, nunca mais, nenhuma alma Te abandone!

Mas, a mim, parece que Tu dizes: “Ó filho, quantas almas Me escapam com força e vacilam na ruína eterna! Como poderá se acalmar a Minha dor, se amo uma só alma tanto quanto amo todas as almas juntas?”

Jesus agonizante, parece que a Tua Vida está prestes a terminar. Já sinto a Tua respiração ofegante de agonia, os Teus lindos olhos ofuscados pela morte já próxima, todos os Teus membros abandonados e, não raro, parece que já não respiras. Sinto que o meu coração está explodindo de dor. Abraço-Te e Te sinto gelado; sacudo-Te e não dás sinal de vida! Jesus, estás morto? Ó mãe aflita, Anjos do Céu, vinde chorar por Jesus e não permitais que eu continue a viver sem Ele. Ah, não posso! Abraço-o com mais força e sinto que volta a respirar, mas de novo, não dá sinal de vida! Chamo-o: “Jesus, Jesus, minha Vida, não morras!”

De repente, ouço o barulho dos Teus inimigos que vêm para Te prender; quem Te defenderá, nas condições em que Te encontras? Mas, eis que, sacudindo-Te como se ressurgisses da morte para a Vida, olhas para mim e dizes: “Ó alma, estás aqui? Portanto, foste testemunha das Minhas dores e das inúmeras mortes que padeci. Pois bem, deves saber que nestas três horas de amarga agonia no Horto, encerrei em Mim todas as vidas das criaturas e sofri todas as suas penas e a sua própria morte, dando a cada uma delas, a Minha vida. As Minhas agonias sustentarão as suas, as Minhas tristezas e a Minha morte se transformarão em manancial de docilidade e de vida para elas. Quanto Me custam as almas! Se pelo menos houvesse uma retribuição! Tu viste que, enquanto morria, Eu voltava a respirar; eram as mortes das criaturas que Eu sentia dentro de Mim!”

Meu Jesus sofredor, já que quiseste encerrar em Ti também a minha vida e, portanto, a minha morte, rogo-Te, por esta Tua amarga e dolorosa agonia, que venhas assistir-me na hora da minha morte. Eu Te dei o meu coração como refúgio e descanso, os meus braços como sustento e coloquei todo o meu ser à Tua disposição. Ah, como me entregaria, de boa vontade, aos Teus inimigos, para poder morrer no Teu lugar! Vem, ó vida do meu coração, naquela hora, restituir-me o que Te dei: a Tua companhia, o Teu Coração como leito e repouso, os Teus braços como sustento, a Tua respiração ofegante para aliviar a minha respiração aflita, de modo que, ao respirar, respirarei por meio da Tua respiração que, como ar renovador, vai me purificar de qualquer mácula e me preparar para entrar na bem-aventurança eterna.

Aliás, meu doce Jesus, então darás à minha alma a Tua santíssima Humanidade, de modo que, olhando para mim, fixarás a Ti mesmo através de mim e, olhando para Ti mesmo, não encontrarás nada para me julgar. Depois, banha-me no Teu sangue, reveste-me com a cândida veste da Sua santíssima Vontade, acaricia-me com o Teu amor e, dá-me o último beijo, a fim de que eu possa levantar voo, da Terra rumo ao Céu. E o que desejo para mim, faze-o a todos os agonizantes; estreita-os no Teu abraço de amor e, dando-lhes o beijo da união Contigo, salva a todos e não permitas que qualquer um deles se perca!

Meu aflito bem, ofereço-Te esta Hora santa em memória da Tua Paixão e Morte para desagravar a justa cólera de Deus diante dos inúmeros pecados, para o triunfo da santa Igreja, para a conversão dos pecadores, para a paz dos povos, para nossa santificação e em sufrágio das almas do Purgatório.
Mas vejo que os Teus inimigos estão próximos e Tu queres me deixar para ires ao seu encontro. Jesus, permite-me que ofereça todos os santos beijos da Tua santíssima Mãe, deixa que beije a Tua face, que agora mesmo Judas ousará fazê-lo com o seu beijo infernal; que Te enxugue o rosto molhado de sangue, o qual, daqui a pouco será alvo de bofetões e escarros; abraço-me fortemente ao Teu Coração, não Te abandono, mas Te sigo. Abençoa-me e me assiste. Assim seja!

Reflexões e práticas

Durante Sua terceira hora do Getsêmani, Jesus pediu ajuda ao Céu. Suas dores eram tantas que suplicou conforto também a Seus discípulos. E nós, em qualquer circunstância de sofrimento e desventura, pedimos sempre ajuda ao Céu? E, mesmo quando recorremos às criaturas, o fazemos de maneira ordenada, junto a quem pode nos confortar santamente? Resignamo-nos, pelo menos, se não recebemos o alívio que esperávamos, usando a indiferença das criaturas para nos abandonar totalmente nos braços de Jesus? Ele foi confortado por um Anjo; e nós, podemos dizer que somos o anjo de Jesus, permanecendo ao Seu lado para consolá-Lo e participar de Suas amarguras? Para podermos ser verdadeiramente anjos de Jesus, temos necessidade de aceitar os sofrimentos assim como Ele os envia, como dores divinas; só então ousaremos confortar um Deus tão entristecido. De outro modo, se aceitarmos os sofrimentos em sentido humano, não poderemos nos servir deles para consolar o Homem-Deus e, portanto, não conseguiremos ser anjos.

Nos sofrimentos que Jesus nos manda, parece que nos envia o cálice onde devemos colocar o fruto destes sofrimentos e, estas dores, padecidas com amor e resignação, vão se transformar em dulcíssimo néctar para Jesus. Em cada sofrimento, diremos: “Jesus, chama-nos a sermos anjos ao Seu redor, aspira as nossas consolações e faz-nos partícipes de Suas dores.” Jesus, meu Amor, nos meus sofrimentos busco o Teu Coração como repouso e quero reparar as Tuas dores com as minhas, para trocá-las Contigo e ser o Teu anjo consolador.

Oração de agradecimento para depois de cada hora de Agonia no Horto do Getsêmani

Hora anterior
Oração de Preparação para as três horas de Agonia no Horto do Getsêmani
6ª Hora – Das 10 às 11 da noite

Próxima hora
Oração de Preparação para ser feita antes de cada hora
 8ª Hora – Da meia-noite à 1 da madrugada
Oração de agradecimento depois de cada Hora.